Bem-vindo

Este Blog se destina a colocar discussões diversificadas de diversos segmentos, como cultura e lazer e, ainda, dar auxílio a vestibulandos com conteúdos pertinentes aos vestibulares brasileiros.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Classicismo - Luís Vaz de Camões

Introdução

A Idade Média passa a viver a dualidade das visões teocêntrica (ainda predominante até o Renascentismo) e antropocêntrica. Esse conflito propiciará grandes e profundas mudanças em Portugal. Até que, finalmente, o Renascimento traz as novas tendências do pensamento humano.
Essas tendências exaltarão a razão e serão manifestadas brilhantemente por Luís Vaz de Camões em suas obras, assim como outros escritores. Surge, neste cenário, o Classicismo.

Classicismo

Contexto Histórico

Grande foi a contribuição do Humanismo na história mundial. A partir do momento em que a visão teocêntrica passa a ser questionada pelo ideário humano, as questões ligadas ao pensamento, à filosofia e às ciências passam a alcançar grande destaque no cenário global. Ainda que no Humanismo a cisão antropocêntrica tenha sido contemporânea à visão teocêntrica, ambas se contrastaram e, mais tarde, geraram ao Homem uma nova forma de ver suas necessidades e suas maneiras de enxergar o mundo (perpetuando-se essa maneira até os dias de hoje).
O Classicismo surge num momento de grandes transformações. A cultura da época, muito influenciada pela Igreja, assistiu a momentos árduos de grande perseguição a diversas pessoas que não professavam a fé cristã. Mas as perseguições não se davam simplesmente a pessoas que não professavam tal fé. Muitos pensadores foram marginalizados pela visão imposta pela Santa Inquisição: a pesquisa à anatomia humana, por exemplo, fora proibida porque o corpo se tratava como morada divina, entendendo-se, pois, que ao homem não competia abrir e vasculhar o que quer que fosse, mesmo que para fins científicos (é interessante ressaltar que a Europa foi varrida por doenças, sobretudo a peste negra neste período).
Com as tendências antropocêntricas alcançando escalas mais notáveis, a Europa passa a viver um novo marco histórico. A ciência, a arte e a filosofia passam a ganhar o centro das questões e das ideias. Isso corroborou para a expansão marítima, que trouxe um momento glorioso a Portugal. Com essa nova realidade, as terras lusitanas encontram a ostentação da glória, pois Portugal passa a ser o coração ou a potência do mundo, uma vez que dominou a tecnologia para as viagens ultramarinas.
Passados alguns acontecimentos, dentre os quais, o “descobrimento” do Brasil, surge em Portugal, em 1527, o Classicismo, cujo maior nome é Camões. Esse movimento surge quando Sá de Miranda retorna a Portugal da Itália, e de lá traz as novas tendências estéticas da literatura: versos decassílabos, soneto, ode, écloga, elegia, epístola.

Luis Vaz de Camões

Camões é um dos maiores nomes da Literatura Portuguesa, sem nenhuma sombra de dúvida, porém sua história ainda é um grande mistério. Sabe-se muito pouco de sua história. Contudo, dois livros trazem um pouco da história desse grande escritor: Erros meus, má fortuna, amor ardente, escrito por Natália Corrêa, que traz a história do Camões homem, sua história (ou provável história); e Que farei com este livro? de José Saramago – trazendo a história de Camões sob uma perspectiva à luz da obra camoniana, estabelecendo uma relação entre a obra e o autor.

A Obra Camoniana – Os Lusíadas

Sem dúvidas, a maior obra de Camões foi Os Lusíadas, livro que narra as glórias portuguesas, tendo como herói Vasco da Gama. Esta obra é marcada, no ponto de vista linguístico, por versos decassílabos – versos compostos por dez sílabas poéticas – e um esquema de rima cujo padrão é ABABABCC.
O diferencial desta obra não se deu apenas por essas marcas e por contar as histórias gloriosas de Portugal. O que torna essa obra tão intrigante é a forma como Camões mostra essa história. Tendo como base a literatura clássica, o célebre autor faz uso de figuras míticas, mas não se atém em apenas repetir ou copiar, como muitos autores da época fizeram. Camões traz essas figuras míticas com as características lusitanas (as ninfas do Tejo).
Além disso, Camões traz, em Os Lusíadas, outra curiosidade: a dualidade entre a lírica e a épica camoniana. Ele conseguiu, como poucos, essa marca. Ele consegue trazer a lírica por meio dos padrões de rimas, pela organização das estrofes. Quanto à épica, Camões escreveu um épico: o herói, Vasco da Gama, luta com as figuras míticas de Portugal, enfrenta os medos e, por fim, encontra regozijo e glória, a glória portuguesa.

A lírica camoniana

Camões escreveu sua obra lírica em duas formas: com o uso da medida nova e com o uso da medida velha. Contudo, o que mais se evidenciou foi o uso de sonetos, de maneira que esta é a forma mais difundida de sua obra (é aqui que se observa o ponto mais alto da obra camoniana).
É por meio da lírica camoniana que se observa o amor platônico, tão bem expresso por Camões, sendo este um reflexo de sua vida em suas obras (lembrando da grande influência das obras clássicas sobre a lírica e a épica camoniana). Contudo, esse platonismo ainda está controlado sob a ótica aristotélica, ou seja, sob a ótica racionalizada desse amor (neoplatonismo). Esse amor não está no campo sentimental, mas sim no campo das ideias. O amor não correspondido causa a frustração amorosa. Veja:

Dai-me a Lei, Senhora, de querer-vos
Que a guarde, sob pena de enojar-vos
Que a fé que me obriga a tanto amar-vos
Fará que fique em lei de obedecer-vos.

Tudo me defendei, senão só ver-vos
E dentro na minha alma contemplar-vos;
Que, se assim não chegar a contemplar-vos;
Ao menos que não chegue a aborrecer-vos.

E, se essa condição cruel e esquiva
Que me deis lei de vida não consente,
Daí-ma, Senhora, já, seja de morte.

Se nem essa me dais, é bem que viva,
Sem saber como vivo tristemente,
Mas contente porém de minha sorte.
(Editora COC, 2009)

No excerto acima é possível se perceber essa frustração do poeta.
A frustração da expressão amorosa, no lirismo camoniano, também inclui o lamento do amor perdido em circunstâncias trágicas da vida. Dessa forma, a morte será outro elemento muitas vezes associado à figura da mulher amada. Uma das lendas construídas em torno de Camões consagrou a versão, segundo a qual boa parte dos poemas líricos, com referências à morte, foi inspirada em um episódio verdadeiro da vida do poeta, que teria, que teria perdido a amada Dinamene em um naufrágio na China.
(Editora COC, 2009)

Ah! minha DInamene! assim deixaste
Quem nunca deixara nunca de querer-te!
Ah! Ninfa minha, já não posso ver-te
Tão asinha esta vida desprezaste!

Como já para sempre te apartaste
De quem tão longe estava de perder-te?
Puderam estas ondas defender-te
Que não visses quem tanto magoaste?
(Editora COC, 2009)

Apesar de seus sentimentos serem mostrados e demonstrados por sua lírica, não se pode afirmar categoricamente que essa lírica tenha as mesmas características observadas no Romantismo. Isso ocorre porque o Romantismo é um movimento cujo foco está no egocentrismo, ao contrário do que ocorre no Classicismo, cujo foco está na razão, no conhecimento, na racionalidade.


Épica camoniana

Basicamente, Os Lusíadas é a obra que traz o épico ao rol de Camões. Nesta obra, Camões elege Vasco da Gama como herói de sua obra, exaltando sua coragem e inteligência nos momentos mais fortes e necessários da obra. Vasco, por sua vez, é um símbolo, pois representa o povo português (até porque a obra traz as glórias de Portugal). E, nessa representação, Camões traz as conquistas do império lusitano, conseguidos pelo domínio da tecnologia ultramarina. Ainda é importantíssimo ressaltar que Os Lusíadas mostra o plano terreno e o plano mítico:

                       I.      Plano terreno
O plano terreno é mostrado pelas viagens feitas por este herói. Todos os percalços e todos os relatos históricos são delineados nas linhas de Os Lusíadas. A obra é baseada em contextos históricos reais, ou seja, Camões se utiliza de episódios reais para desenrolar toda a narrativa épica.

                      II.      Plano mítico
Neste plano, Camões enfoca os deuses do Olimpo e até que ponto sua interferência poderia ser preocupante ou não no sucesso dos empreendimentos dos portugueses.
Mas, de uma certa maneira, Camões consegue superar os limites impostos pela literatura clássica, emulando-a e extrapolando-a, pois é criador de figuras míticas portuguesas, como é o caso das ninfas do Tejo.

Como em todo épico, a célebre autor lusitano divide a obra (composta por 8116 versos decassílabos) em:

Proposição na qual Camões revela suas aspirações e propósitos, além do quê irá tratar na obra;
Invocação – nesta parte, há o pedido de ajuda e inspiração para as ninfas do Tejo (Tágides);
Narração – é a história da viagem, com todos os desafios enfrentados pelo herói;
Epílogo – aqui é possível ver o sentimento do autor perante toda a viagem e o cenário futuro, no qual, Camões, prediz o futuro tenebroso de Portugal, exortando a D. Sebastião a continuar com a expansão marítima, de sorte que as glórias de Portugal continuem a crescer.

Episódios

São quatro os mais importantes da obra (e talvez os mais conhecidos):
                       I.      Inês de Castro
Neste episódio, há a triste história de amor entre Inês e D. Pedro. Ele, príncipe, ela, sua amante. Considerando a origem de Inês, o Rei D. Afonso IV manda que matem Inês.
Este episódio é narrado por Vasco da Gama ao rei de Melinde.

                      II.      Velho do Restelo
O Velho do Restelo é um episódio um tanto intrigante. Neste episódio, um velho chega à praia de onde Vasco da Gama está saindo, ainda em Portugal, no qual há uma certa preocupação com o que vai acontecer e com os reais objetivos dessa viagem.
Segundo Massaud Moisés, neste trecho, é possível se ver a voz de Camões. É como se a voz desse velho fosse a voz do autor, pedindo cautela nessa jornada cheia de perigos.

                    III.      Gigante Adamastor
É um dos episódios mais marcantes, no qual, o Gigante, é transformado numa longa parede de pedra por amar uma figura mítica. Neste trecho se percebe o platonismo existente em Os Lusíadas. E, metaforicamente, mostra a coragem do povo português em desbravar as mais tenebrosas e complexas situações, superando os obstáculos marítimos.

                    IV.      Ilha dos Amores
É a premiação por tantos empreendimentos e lutas. Depois de episódios em que se colocou a vida em risco por amor à pátria, há a recompensa suprema do herói. O prêmio: uma ilha repleta de ninfas belíssimas, um presente dos deuses pela coragem.

Considerações finais

Grandes são os feitos desse momento na literatura. O Renascentismo traz consigo novas maneiras de se enxergar a vida. Novas expectativas e nova visão permeiam o ideário do povo português, de sorte que isso se refletirá no campo cultural, sociológico e cultural.
Camões, um dos grandes gênios da literatura mundial, fez com que a língua portuguesa alcançasse patamares nunca antes visto. Em Os Lusíadas, sua maneira ímpar de escrever mostrou ao mundo as glórias e o orgulho de Portugal. Ele, como poucos, conseguiu trazer uma dualidade poética entre o lirismo poético e o épico, o que se observa em sua maior e mais difundida obra.
O lirismo camoniano ainda é bem diferente da lírica a que estamos acostumados, em que é possível se observar o ego, característica que somente será fundamentada no Romantismo. Esse lirismo é, sem sombra de dúvidas, racionalizado e consistente, de sorte que nenhum outro autor conseguiu repetir isso. Quanto à épica, não sobram mais adjetivos para descrever como ele o fez, não apenas copiando, mas inovando sempre (a saber, a criação de figuras míticas, por exemplo).
Em resumo, a obra camoniana ainda, por mais estudos que se tenha registro, será sempre um mistério a ser desvendado por aqueles que verdadeiramente primam por sua forma de escrever; e uma coisa é certa: ainda há mais mistérios nas obras camonianas do que nossas vãs filosofias podem presumir (parafraseando William Shakespeare).


Bibliografia

Editora COC. (2009). Língua Portuguesa 3 - Literatura Colonial. Ribeirão Preto: COC.

Moisés, M. (2006). A Literatura Portuguesa (34ª ed. ed.). São Paulo: Cultrix.

Moisés, M. (1972). A Literatura Portuguesa Através dos Textos (5ª ed.). São Paulo: Cultrix.




Humanismo e o Teatro de Gil Vicente

Introdução

A Idade Média passa a viver a dualidade das visões teocêntrica (ainda predominante até o Renascentismo) e antropocêntrica. Esse conflito propiciará grandes e profundas mudanças em Portugal.
O teatro de Gil Vicente trará mais do que narrativas simples, mas mostrará essa dualidade vivenciada pelos portugueses dessa época. Ele, por sua vez, evidencia alguns questionamentos que faz, colocando em xeque muitas das idéias defendidas até então pela cultura da época. É o surgimento da visão humana, na qual o Homem passa a ser o centro. Em outras palavras, o Humanismo.

Humanismo

O início do Humanismo se dá quando Fernão Lopes é nomeado Guarda-Mor da Torre do Tombo em 1418, por D. Duarte. Portugal, como as demais localidades da época, passa a viver intensas mudanças culturais, além das sociais.
Historicamente, o Humanismo se vê rodeado pela Revolução Popular (1383), quando D. Fernando morre e sua mulher, D. Leonor Teles, instaura um governo dúbio, no qual tenta fazer de Portugal um reino dirigido pela coroa espanhola. Ela, assim, mancomuna-se com o Conde Andeiro nessa tentativa de integrar Portugal à coroa espanhola, mas isso fracassa, pois os portugueses, liderados pelo Mestre de Avis, rebelam-se contra a rainha. Depois de dois anos, a revolução termina e o Mestre de Avis se apodera do trono. Tem aí o início da dinastia Avis em Portugal, tornando-se Mestre Avis em D. Pedro I.
Portugal experimenta, assim, as benesses de ter um rei culto, empreendedor, determinado, e, com isso, uma profunda renovação cultural no país.
Graças a esse cenário, os lusitanos passam a viver processos mais humanizados da cultura; em outras palavras, surge a visão antropocêntrica, que será contrastada à visão predominante à época (a visão teocêntrica).

É certo que a visão teocêntrica de vida, isto é, tendo Deus como escala de valores, continua vigente, mas já começam a despontar atitudes contraditórias diretamente centradas no homem. Contribui para isso a euforia provocada pelas descobertas e pelas conquistas ultramarinas, iniciadas com a tomada de Ceuta em 1415 e só terminadas no século seguinte.
(Moisés, A Literatura Portuguesa, 2006)

Esta atitude de pôr o homem no centro será de grande valor aos movimentos vindouros, mas, no Humanismo, será de grande contribuição às críticas de Gil Vicente, pois ele colocará as ideias contidas no ideário e cultura portugueses pontos conflitantes, de sorte que trará, ao menos, alguns questionamentos sobre os regimes da época.

Gil Vicente

Não se sabe com exatidão as datas de nascimento e morte de Gil Vicente; assim, presume-se que o autor e dramaturgo português tenha nascido entre 1465 e 1466 e morrido entre os anos de 1536 e 1540. Pouco se sabe sobre sua vida, mas o que se tem registro é que tenha sido funcionário da Coroa.
Escreveu diversas obras, dentre as mais populares, a Trilogia das Barcas, traz sua obra mais difundida nos estudos literários brasileiros: O Auto da Barca do Inferno.
Mesmo sendo cristão, não se deteve em mostrar pontos que considerava negativos, muitas vezes satirizando-os ou simplesmente criticando-os.

O Teatro Popular de Gil Vicente

Antes de tudo, para se falar em teatro popular, algo deve ser bem elucidado. Quando se fala em teatro popular, vem-nos à mente a ideia de que seja um teatro aberto ao público, no qual todos podem ter acesso. Mas essa premissa deve ser revogada, pois, mesmo nos dias de hoje, o teatro ainda é muito elitizado. Ao se tratar do Tetro Popular de Gil Vicente, deve-se saber que esse popular se deu não pela assistência do público, mas sim pela temática existente nas narrativas/peças teatrais; a linguagem, assim como os aspectos temáticos, trazia algo mais popular, embora as peças fossem apresentadas à corte portuguesa.
Como o tema era via condutora do teatro popular, Gil Vicente inova com seu conteúdo. Ele passa, por meio do riso, a trazer as mazelas sociais vividas por seus patrícios, como forma de criticar. Ele, mesmo sendo freqüentador da corte, conseguiu perceber tais problemas, evidenciando-os. Com isso, ele demonstrou de forma impressionante a sociedade de seu tempo, sempre com uma atitude crítica muito bem delineada.
Engana-se quem pensa que Gil Vicente detinha-se em apenas colocar como alvo de suas críticas as mazelas sociais vividas pelos portugueses. Ele ainda inseria em suas obras aspectos religiosos que ele enxergava como negativos. Suas críticas iam desde o frade até o papa se fosse necessário, demonstrando, desta maneira, sua veia crítica. Denunciou diversos acontecimentos, como a venda de indulgências e o exagero místico por parte dos religiosos (tanto dos clérigos como do público).
Outro importante fator que não se deve deixar passar desapercebidamente é que o autor não usa personagens como estamos todos acostumados – personagens com nomes e identidades muito bem demarcadas –, mas sim tipos, ou seja, faz uso de personagens que se enquadram em determinadas classes (gerando, com isso, crítica às classes sociais muito bem demarcadas à época – pobres e ricos).
A alegoria também é marca de Gil Vicente, não apenas com o uso de personagens que, metaforicamente, representam as classes/tipos de pessoas, mas pelo conjunto da obra. Em O Auto da Barca do Inferno, por exemplo, podemos perceber a alegoria por meio do enredo, no qual, a alegoria, é o Juízo Final. No aspecto mais particular do teatro, isto é, olhando as personagens, podemos ver as entidades que representam, como a Igreja, os valores sociais e culturais, entre outros aspectos.

Conclusão

Verifica-se, com o teatro de Gil Vicente, uma profunda mudança no ideário e nas visões existentes, que, neste momento, estão em conflito. Este conflito, muito bem trazido por Gil Vicente, gerará grandes e profundas reflexões acerca de diversas questões levantadas pelo autor (reflexões estas que, mais tarde, fortalecerão a visão antropocêntrica, que, a partir do Renascentismo, se perpetuará como visão-base de muitas culturas ao redor do mundo).

Bibliografia

Editora COC. (2009). Língua Portuguesa 3 - Literatura Colonial. Ribeirão Preto: COC.

Moisés, M. (2006). A Literatura Portuguesa (34ª ed. ed.). São Paulo: Cultrix.

Moisés, M. (1972). A Literatura Portuguesa Através dos Textos (5ª ed.). São Paulo: Cultrix.



TROVADORISMO

Introdução

A Idade Média é um dos períodos históricos mais interessantes de que se tem registro. Encontram-se nela os registros da Europa medieval, e que marcaram grandemente a história da civilização humana. Registros instigantes e controversos, como o período em que a Igreja proibia, com grande vigor, os estudos de anatomia (e, também, de pensamento, daí originando um “apelido” a este período de Idade das Trevas).
É na Idade Média que as primeiras manifestações literárias em língua portuguesa começam a ocorrer. Nessas manifestações, ainda num português mais arcaico e sob a influência do galego-português (dada a união ainda existente de Portugal e Galiza), é que se reproduz a literatura trovadoresca (cujo surgimento literário se dá em 1189 ou 1198, quando Paio Soares de Taveirós escreve a Cantiga da Garvaia, dedicando-a a Maria Pais Ribeiro).

Trovadorismo

As primeiras décadas desta época transcorrem durante a guerra da reconquista do solo português ainda em parte sob domínio mouro, cujo derradeiro ato se desenrola em 1249, quando Afonso III se apodera de Albufeira, Faro, Loulé, Aljezur e Porches, no extremo sul do País, batendo definitivamente os últimos baluartes sarracenos em Portugual. […] a atividade literária beneficiou-se de condições propícias e pôde desenvolver-se normalmente. Cessada a contingência bélica, observa-se o recrudescimento das manifestações sociais típicas dos períodos de paz e tranquilidade ociosa, entre as quais a literatura.
(Moisés, A Literatura Portuguesa, 2006)

O trecho acima, retirado de A Literatura Portuguesa, mostra-nos um pouco do que aconteceu em Portugal nos primórdios de sua literatura. Esse período, marcado pelas Cruzadas da Idade Média, trouxe características, no mínimo, interessantes à literatura lusitana, com grande teor lírico que, ao longo dos anos, toma forma e espalhado-se por todo o território, trazendo, além do lirismo, o saudosismo português – de maneira mais consolidada futuramente (muito observado no Classicismo por Camões, sendo este, de certa maneira, alvo de crítica pelo autor em Os Lusíadas). Mas erra quem pensar que as manifestações literárias se iniciam somente com o passar da guerra, pois mesmo antes é possível se ver as manifestações literárias.
Esse movimento literário é um tanto complexo, embora sua estrutura poética e formal seja simples. Essa complexidade se dá, por exemplo, porque se admitem quatro possíveis causas de surgimento do movimento (Moisés, A Literatura Portuguesa, 2006), são o que Massaud chama de quatro teses fundamentais: 1. tese arábica – essa tese considera a raiz dessa escola literária a cultura arábica; 2. tese folclórica – segundo esse pensamento, o Trovadorismo teria sido criado pelo povo, sendo sua manifestação cultural; 3. tese médio-latinista – Segundo essa teoria, o Trovadorismo teria surgido das manifestações literárias e cultura latinas da Idade Média; e 4. tese litúrgica – que prega que essa escola tenha surgido das poesias litúrgico-cristãs. Assim, segundo Massaud, faz-se necessário apoiar-se em todas essas teses para melhor explicar o surgimento do Trovadorismo em Portugal. Contudo, o que se sabe com exatidão, é que essa manifestação “lítero-cultural” é proveniente das poesias medievais.
Presume-se, assim, que esta escola literária teria surgido em Provença (tese mais bem sustentada), uma região da França. No século XI, essa região tem grande atividade lírica. Com o advento das Cruzadas, muitos teriam ido à região de Lisboa para embarcar com destino a Jerusalém. Como consequência, muitos desses poetas teriam introduzido a nova forma poética em solo português.

O Trovadorismo em Portugal

Não se sabe precisamente se a datação tem início em 1198 ou 1189, isso porque seriam as datas presumíveis da publicação da canção A Ribeirinha ou Cantiga de Garvaia – Cantiga de Amor escrita por Paio Soares de Taveirós. Essa Cantiga de Amor fora dedicada a Maria Pais Ribeiro. O movimento finda-se somente dois séculos depois, quando Fernão Lopes é nomeado guarda-mor da Torre do Tombo, inaugurando, assim, o Humanismo (1418).
A poesia trovadoresca se divide em cantigas, que podem ser: de Amor, de Escárnio, de Amigo e de Mal-dizer. É importante frisar que ainda não há uma identidade portuguesa bem estabelecida, isso porque ainda há, ao menos nos primórdios, o domínio mouro em uma parte territorial de do País (objeto da luta dita no trecho inicial retirado do livro de Massaud). Com o tempo, a literatura vai se consolidando e isso faz com que a identidade portuguesa cresça, gerando a maturidade literária que hoje conhecemos. Graças a isso, pode-se observar, no Trovadorismo português, o galego-português, em virtude da unidade lingüística entre Portugal e Galiza.

A poesia trovadoresca e suas características

A poesia trovadoresca tem íntima relação com a música, já que era acompanhada sempre por instrumentos como alaúde, viola e flauta – ou, ainda, simplesmente cantada quando não havia instrumentos acompanhando o trovador.
Essa poesia se divide basicamente em dois grupos: lírico e satírico. Quando se pensa em composição trovadoresca lírica, automaticamente deve vir à mente as cantigas de Amigo e de Amor; já quando essa poesia é satírica, deve-se lembrar das cantigas de Escárnio e Maldizer.

                      I.      Cantigas de Amor

As cantigas de Amor tematiza a confissão amorosa do homem em relação a uma mulher, geralmente lamentando o seu sofrimento de amor (coita) diante da indiferença da mesma (Editora COC, 2009). Com isso, pode-se afirmar que o eu-lírico é masculino. Essa relação estabelecida entre a amada e o eu-lírico caracterizam o amor cortês (que nada mais é do que o amor ditado pelas regras sociais e culturais da época, respeitando os costumes e jamais dando o real nome da amada – para isso, o trovador utilizava pseudônimos para que a identidade da amada fosse resguardada), ainda havendo uma idealização platônica desta mulher. Ela é endeusada por este homem, que se põe num patamar bem inferior ao dela. Poderemos, ao longo da literatura, enxergar isso claramente noutros movimentos literários, principalmente os que se ligam aos sentimentos humanos.
Essas cantigas traziam nas suas entrelinhas o que comumente chamamos de amor platônico, aquele em que o homem se põe num patamar inferior ao de sua amada, tornando-a inalcançável a ele. E é justamente isso que encontramos nas Cantigas de Amor. Veja:

A dona que eu am’e tenho por senhor
Amostrade-me-a Deus, se vos en prazer for
      se non dade-me-a morte

A que tenh’eu por lume dêstes olhos meus
e por que choram sempre amostrade-me-a ver,
      se non dade-me-a morte.

Essa que Vós fizestes melhor parecer
de quantas sei, ai Deus, fazede-me-a ver
      se non dade-me-a morte.

Ai Deus, que me-a fizestes mais Ca mim amar,
mostrade-me-a u possa com ela falar
      se non dade-me-a morte
(Bernal de Bonaval, in Massaud Moisés, A Literatura Portuguesa através dos Textos, p. 423)




                    II.      Cantigas de Amigo

Ao contrário das cantigas de amor, as Cantigas de Amigo não tratam do sofrimento do homem, mas sim da mulher; é o outro lado da relação amorosa: o fulcro do poema agora é representado pelo sofrimento amoroso da mulher, via de regra pertencente às classes populares (pastoras, camponesas, etc.) - (Moisés, A Literatura Portuguesa, 2006). Essas cantigas trazem consigo a dor e o desgosto (como muito bem ressalta Massaud Moisés) do amar e ser abandonada. Devemos lembrar que estamos na Idade Média, época em que Portugal (e outras nações) estão vivendo o período das Cruzadas, e em particular, o povo lusitano também está em luta por parte de seu território, daí a dor do amar e ser abandonada, pois elas perdem seus homens para a guerra.
O drama vivenciado por essa mulher é trazido pelo trovador, ou seja, pelo homem, observando-se que: 1) pode ser ele precisamente o homem com quem a moça vive sua história (neste caso, o trovador conhece a sua dor de forma íntima, é quem melhor conhece sua dor); 2) por ser a jovem analfabeta, como acontecia mesmo às fidalgas - (Moisés, A Literatura Portuguesa, 2006).
É possível perceber que o trovador vive o que se chama de dualidade amorosa, podendo extrair autenticamente os dois tipos observados na experiência passional (lembrando que sempre será trazido em primeira pessoa – singular ou plural). Assim, ele se expressa como agente amoroso que padecerá pelo amor não correspondido (incorrespondência), e como se esse trovador fosse tomado pela personificação dessa mulher, de maneira que passa a fazer suas falas, mostrando como essa mulher se apaixona por ele desgraçadamente. O interessante nessa ambigüidade é que não existia antes do Trovadorismo e jamais se repetiu depois.
Percebe-se com tudo isso, que a voz feminina se ergue, confessando sua dor à mãe, às amigas, aos pássaros, aos arvoredos, e o conteúdo dessa confissão se dá pela incompreensão dessa paixão (ou, ainda, pela intransitividade dessa paixão). Com isso, podem-se verificar alguns pontos divergentes dentro desse universo das Cantigas líricas: as cantigas de amor são mais idealistas, e as de amigo são mais realistas; o homem é mais D. Juan nas cantigas de amigo, enquanto que nas cantigas de amor ele se mostra mais passional e mais aberto ao que sente em relação à sua amada (é como se ele não fosse um conquistador, mas como se ele quisesse viver essa paixão); quanto à estrutura textual, as cantigas de amor tem feições mais analíticas e discursivas, enquanto as de amigo, por sua vez, traz um caráter mais narrativo e descritivo. Apesar disso, um ponto é comum em ambos: o platonismo.

– Ai flôres, ai, flôres do verde pino,
Se sabedes novas do meu amigo?
               Ai, Deus, e u é?

Ai flôres, ai, flôres do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
               Ai, Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel  que mentiu do pôs comigo?
               Ai, Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi á jurado?
               Ai, Deus, e u é?

– Vós me perguntades pelo voss’amigo?
E eu bem vos digo que é san’e vivo:
               Ai, Deus, e u é?

(J. J. Nunes, in Massaud Moisés, A Literatura Portuguesa através dos textos, p. 26)




                   III.      Cantigas de Escárnio e de Maldizer

As Cantigas de Escárnio e de Maldizer são bem diferentes das cantigas líricas. Como os próprios nomes sugerem, elas dão a ideia de sátira, piadas, escárnio, construindo-se por meio da ironia, do sarcasmo, usando palavras com duplo sentido, podendo conter algo direto (palavras e/ou ideias). Um bom exemplo, somente para ilustrar (e aproximar como seriam as cantigas de escárnio e de maldizer – e, se fossem reproduzidas com fundo musical, até poderia se transformar em trovas), embora não o façam na forma de cantigas, é o humorístico Casseta & Planeta (Rede Globo de televisão), que satirizava (às vezes de maneira bem direta) a política e acontecimentos do mundo.
Contudo, enganam-se os que pensam que essas cantigas são idênticas. Há uma distinção entre elas. As Cantigas de Escárnio são construídas de maneira indireta, com uso de ironia, um toque de sarcasmo, ou seja, um tanto maqueada; diferentemente das Cantigas de Maldizer, que trazem em suas linhas um conteúdo direto, descobertante, “tocando na ferida”.
Quanto à linguagem, nessas cantigas se podem observar o uso de um vocabulário mais torpe, havendo palavras de baixo-calão. Era uma poesia entendida como “maldita”, descambando para a pornografia ou o mau gosto, como bem cita Massaud.
Essa forma de escrever documenta alguns dos costumes e dos meios populares da Idade Média, como um flagrante de uma reportagem viva.

A Idade Média

Marcada por uma série de considerações preconceituosas, a Idade Média compreende o período que parte da queda do Império Romano, até o surgimento do movimento renascentista. Longe de ser a chamada “idade das trevas”, esse período histórico possui uma diversidade que não se encerra no predomínio das concepções religiosas em detrimento da busca pelo conhecimento. É durante o período medieval que se estabelece a complexa fusão de valores culturais romanos e germânicos. Ao mesmo tempo, é nesse período que vemos a formação do Império Bizantino, da expansão dos árabes e o surgimento das primeiras universidades.
(por Rainer Souza, in: http://www.brasilescola.com/historiag/idade-media.htm)

A Idade Média é um dos períodos históricos mais conturbados que já se ouviu falar. Ela é marcada por muitas e intensas batalhas, conhecidas como Cruzadas. Além disso, é nesse período da História que há o feudalismo, a inquisição, entre outros grandes marcos da história mundial.

As Cruzadas

Entre 1096 e 1270, pelo comando da Igreja, muitas expedições são enviadas a Jerusalém, que se encontrava dominada pelos turcos seldjúcitas. Essas expedições tinham fim a retomada de Jerusalém para reunificar o mundo cristão, dividido, devido a esse domínio, pelo Cisma do Oriente.
Jerusalém vive um momento conturbado, pois, antes, com o domínio árabe (anterior ao dos turcos), os cristãos tinham a entrada livre na cidade. Porém, quando os turcos seldjúcitas tomam a Cidade-santa, os cristãos passam a ser proibidos de entrar nela. Isso ocorreu porque esses turcos eram convertidos ao islamismo.
Dado esse cenário, em 1095, o papa Urbano II convoca algumas expedições com o intuito de retomar Jerusalém, tendo início, mais tarde, as Cruzadas, que recebe este nome porque os cruzados (guerreiros que foram à batalha) levavam consigo o símbolo do cristianismo, a cruz, estampada em suas vestimentas.
Mas se engana quem pensa que a motivação era apenas religiosa. Como a Europa experimentava um momento de crescimento, os senhores feudais passaram a se interessar pela expansão territorial, de maneira que eles ganhariam com isso; lembrando que a Europa, neste episódio, já vive um processo mercantilista.

A Igreja não era a única interessada no êxito dessas expedições: a nobreza feudal tinha interesse na conquista de novas terras; cidades mercantilistas como Veneza e Gênova deslumbravam com a possibilidade de ampliar seus negócios até o Oriente e todos estavam interessados nas especiarias orientais, pelo seu alto valor, como: pimenta-do-reino, cravo, noz-moscada, canela e outros. Movidas pela fé e pela ambição, entre os séculos XI e XIII, partiram para o Oriente [e iniciaram as cruzadas, que foram, ao todo,] oito Cruzadas.

Com esse ritmo, muitos passaram por Lisboa e, com isso, contribuíram para a Literatura e outras manifestações artístico-culturais da região.

As consequências das Cruzadas

Como qualquer ação gera uma reação (um dos princípios básicos observados pela ciência, e muito disseminados pela química e física), os fatos históricos também geram suas consequências. As Cruzadas, ainda que motivadas por interesses financeiros – lembrando que a ideia de financeiro não se limita ao dinheiro, mas ao domínio –, darão uma grande contribuição à história mundial.
Num primeiro momento, os Cruzados conseguem retomar o domínio de Jerusalém, porém, devido às sucessivas batalhas, esse domínio se torna temporário. Mas, apesar disso, os sucessivos saques promovidos no Oriente darão sua contribuição à Europa, pois isso permitiu que uma grande quantidade de moeda entrasse no regime feudal, propiciando aos comerciantes a criação de companhias de comércio (ainda num ritmo de mercantilização inical, bem diferente do que estamos habituados em nossos dias). Além desse processo mercantil, o regime feudal passa a entrar em colapso, sendo, mais tarde, transformado.


Os senhores feudais, interessados pelas mercadorias que vinham do mundo oriental, reorganizaram o modelo de produção de suas terras buscando excedentes que pudessem sustentar esse novo padrão de consumo. Além disso, a estrutura rígida do sistema servil cedeu espaço para o arrendamento de terras e a saída de servos atraídos pelo novo modo de vida existente nos espaços urbanos revitalizados. Assim, o feudalismo dava os primeiros indícios de sua crise.
(por: Rainer Souza, in: http://www.brasilescola.com/historiag/cruzada-movimentos.htm)


Dadas essas novas circunstâncias, o processo de mercantilização cresce, bem como todo o pensamento da época. Outra grande contribuição foi a ampliação da tecnologia marítima (que, por um momento muito expressivo na história mundial, deu a Portugal as ferramentas para a descoberta do Brasil e da rota às Índias).

Conclusão

De acordo com o que se observou ao longo deste trabalho monográfico, percebeu-se, além de tudo, a grande contribuição dada pelas Cruzadas à Literatura Portuguesa, que, dentre as teses de sua sustentação, dita que o seu surgimento se dá neste processo, uma vez que o Trovadorismo tenha sido originado de Provença (França) e, mais tarde, tenha se disseminado pela situação vivida pela Europa.
É importante lembrar que essa estrutura literária cresceu, amadurecendo em Portugal de maneira que, mais tarde, com o intuito de não se perder tais registros, os trovadores passam a escrever suas composições, dando, desta maneira, a forma concreta à literatura.

Bibliografia

Editora COC. (2009). Língua Portuguesa 3 - Literatura Colonial. Ribeirão Preto: COC.

Júnior, D. (s.d.). Brasil Escola. Acesso em 09 de abril de 2011, disponível em Brasil Escola: http://www.brasilescola.com/historiag/cruzadas.htm

Moisés, M. (2006). A Literatura Portuguesa (34ª ed. ed.). São Paulo: Cultrix.

Moisés, M. (1972). A Literatura Portuguesa Através dos Textos (5ª ed.). São Paulo: Cultrix.

Souza, R. (s.d.). Brasil Escola. Acesso em 09 de abril de 2011, disponível em Brasil Escola: http://www.brasilescola.com/historiag/cruzada-movimentos.htm

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A intencionalidade e a realidade do professor no Brasil

O Brasil tem, ao longo de sua história, vivido tempos de dificuldades, nos quais a educação é uma grande contribuidora para esse cenário.

Infelizmente, brasileiro não leva educação à sério, o que nos torna um dos povos mais ignorantes do globo, ainda que esse cenário esteja sendo alterado gradativamente. Mas o cenário é caótico quando se trata de educação. Profissionais mal pagos, sem condições mínimas e dignas de trabalho, violência crescente dentro das instituições de ensino (desde a educação fundamental até a superior, como o País assistiu recentemente com o massacre em Realengo e o assassinato de um estudante na FEA/USP).

De fato, o alvo a ser alcançado pelo professor deve ser o entendimento global do aluno em determinado assunto, contudo, as condições mínimas devem ser observadas. Há profissionais que se desdobram para conseguir, com as precárias condições, trazer alguns assuntos relevantes, mas que poderiam ser mais bem aproveitados se o material didático fosse apropriado. Ao ver essa reportagem na "Folha de SP", fiquei interessadíssimo, pois essas escolas estão se adequando à reais necessidades dos alunos, ou seja, de saber pensar, construindo neles o saber-crítico (o que falta muito ao povo brasileiro, que só enxerga aquilo que está à sua frente, esquecendo-se de toda a intencionalidade sugerida pelas ações, textos e etc).

Cabe ao professor, com isso, o papel de ser criativo, planejando suas aulas de maneira hábil e construtivista, de forma que ele passe a trazer o saber ao aluno e a instigá-lo por sua busca. Porém, a realização disso deve ter apoio pleno da sociedade, da política e, sobretudo, do apoio de profissionais envoltos na pedagogia (demais professores, pedagogos, coordenadores pedagógicos, diretores), o que nem sempre ocorre.

Muitos professores estão preocupados simplesmente com o contra-cheque (é importante, sim, mas não o alvo principal. Até porque, se quisermos melhorias salariais, devemos, antes de tudo, primar pela qualidade de nosso ensino, só depois exigir de nossos empregadores e governos (federal, estadual e municipal) a melhoria para nossas condições financeiras, pois é inadmissível que ganhemos, em média, R$ 1000,00, enquanto demais profissionais de ensino superior ganham 60% a mais -http://www1.folha.uol.com.br/saber/846099-novo-plano-preve-igualar-salario-do-professor-ao-de-outros-profissionais.shtml).

Assim, para concluir, todos nós, professores e demais profissionais da educação, devemos primar pela boa qualidade de ensino, planejando melhor nossas aulas e nossas estratégias de ensino, de sorte que teremos melhoria qualitativa no padrão de ensino no país, conquistando melhores condições de vida, alcançando, como sociedade, maior qualidade de vida, algo que tanto primamos, exigimos e queremos, além, é lógico, de precisarmos dessa melhoria na qualidade de vida de todos nós. Isso porque a intencionalidade do professor gerará os seus frutos no futuro...

Links interessantes:

http://www1.folha.uol.com.br/saber/846099-novo-plano-preve-igualar-salario-do-professor-ao-de-outros-profissionais.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/bbc/848993-favela-em-realengo-tem-piores-indicadores-de-areas-com-upps-indica-estudo.shtml
http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/carreira/piso-salarial-apenas-primeiro-passo-627313.shtml